segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Virgem Maria na nossa cidade
Covilhã, 12 de Maio de 2012




Acabamos de percorrer as ruas da nossa cidade, na companhia da Virgem Maria, que peregrinou connosco e que, agora, se encontra aqui, bem juntinho de nós. Olhamos para Ela, para o seu rosto de brancura imaculada, para os cravos brancos que simbolizam essa brancura e que tão generosamente, lhe oferecemos. Tivemos ocasião de louvar o Senhor, porque Ele, em Maria, operou maravilhas: Ela é a Mãe de Deus e nossa Mãe; Ela é a Virgem Maria, a cheia de graça, que deu à luz Jesus por obra e graça do Espírito Santo. Cantamos Maria, a humilde serva do Senhor, uma criatura como nós, a agraciada de Deus e chamamos-lhe a Senhora do SIM que tornou possível a nossa salvação em seu Filho Jesus Cristo, salvação essa, ainda há dias celebrada na sua Páscoa que é também a nossa Páscoa, a passagem de Jesus para junto do Pai e bem como a nossa passagem, por Ele, com Ele e n’Ele para o abraço de Deus Pai e do Espírito Santo… Quantas vezes, nesta noite, no passo lento desta procissão em honra de Maria, brotou dos nossos lábios e do fundo do nosso coração a saudação espontânea do Anjo da Anunciação: “Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco...”
Nesta peregrinação pelas ruas da nossa cidade, num passo lento e silencioso, do íntimo do nosso coração, fomos desfiando diante da Senhora, a história das nossas vidas: as nossas alegrias pelas graças recebidas por seu intermédio, mas também as nossas tristezas, aquilo que mais nos aflige neste momento: a doença dum filho ou filha, as nossas próprias doenças, dores e sofrimentos, os nossos fracassos, as nossas limitações, a nossa falta de emprego para deitar mão às necessidades da família e, certamente, não deixamos de lhe dirigir esta prece: “Senhora, consoladora dos aflitos, rogai por nós… “
Nesta nossa peregrinação, unimo-nos, hoje, de modo especial, a todos aqueles e aquelas que se deslocaram a Fátima e que, na tarde do dia de amanhã, se dirigirão para suas casas consolados por terem estado com Maria, por lhe terem dirigido as suas preces e ansiosos por corresponderem ao seu desejo principal: conhecer sempre mais e melhor o seu Filho Jesus para melhor o amarem e servirem. E nós, juntamo-nos a eles, com o mesmo desejo, no regresso, em breve, a nossas casas. Para isso, Maria nos visitou em Fátima, em Lourdes e em tantos outros povos da terra, como missionária do Senhor, unida à Missão de seu Filho, Jesus Cristo, o enviado especial de Deus Pai. Senhora missionária, faz-nos missionários do teu Filho…
Como não compreender a afeição, ternura e carinho que lhe tributaram e tributam tantos milhões de crentes, porque n’Ela encontraram a Mãe que protege contra as insídias do inimigo, contra as seduções do mal, porque Ela é guia que nos leva a Cristo, caminho, verdade e vida, porque Ela apazigua, ajuda-nos e viver em paz connosco próprios, paz nas nossas famílias, paz na sociedade, paz num mundo em guerra: “Senhora da paz, dai-nos a paz…”
Em 431, no Concílio de Éfeso, a Igreja afirmou contra as heresias, que Jesus é o Filho de Deus e proclamou igualmente Maria a Mãe de Deus. Esta afirmação sobre Maria, a Mãe de Deus, em grego, a Theotókos, que significa a “portadora de Deus”, foi acolhida por uma multidão em festa, batendo palmas e louvando Maria com inúmeras luzes acesas para comemorarem esta definição dogmática. Desde então, todos vamos a Maria e este encontro com Ela, hoje, nesta noite, tem uma grande expressão, na nossa cidade da Covilhã. Reunimo-nos, aqui todos os anos, porque queremos aclamar, publicamente, Maria, a Mãe de Deus. Quando, porém, dizemos que Maria é a Mãe de Deus, não queremos dizer que Maria deu à luz a Divindade, mas sim que Ela deu à luz Aquele que vem de Deus e que era, desde o princípio, junto de Deus: “no princípio era o Verbo e o Verbo era Deus” (João, 1,1). Compreendendo Jesus, compreenderemos também, a vocação de Maria, a Mãe de Deus: “Maria Mãe de Deus, rogai por nós…”
 Figura discreta e silenciosa do Evangelho, Maria é sempre aquela que conduz a Jesus, nos ensina a rezar, a entrar pouco a pouco na intimidade e a amar. É o fruto que lhe pedimos esta noite, de velas acesas nas mãos, para exprimirmos a luz de que todos necessitamos, a Luz do Seu Filho Jesus Cristo que ilumina os nossos corações e a terra inteira.
Maria esteve nos começos do nascimento da Igreja no momento em que os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo (Act. 1, 13), aguardando a vinda do Espírito Santo. Por isso, “a Igreja honra-a como Mãe amantíssima, dedicando-lhe afecto e piedade filial” (L.G. 53). O Concílio Vaticano II consagrou esta afirmação sobre Maria. Ela é e Mãe de todos nós e da Igreja. Sob a sua protecção, colocamos as comunidades cristãs da nossa Diocese da Guarda e, mesmo que venhamos a ser “pequeno rebanho”, caminhemos, sem medo, porque Maria vai connosco a incutir-nos fé e confiança: “Maria, Mãe amantíssima, rogai por nós…”
Padre José Augusto de Sousa, s.j.


Foto José Pereira

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