segunda-feira, 29 de outubro de 2012

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



Oração
A noite é sombria, e eu estou longe da minha casa, 
guia-me mais longe. 
Guarda os meus passos: que me importa ver 
o horizonte distante? Um único passo me basta.

Nem sempre Te pedi como hoje 
para seres assim Tu o meu Guia. 
Gostava então de escolher e conhecer o meu caminho; 
doravante sê o meu Guia. 
Eu amava o brilho do dia; apesar dos meus medos 
o orgulho dominava a minha vida: esquece todo esse passado.

Muitas vezes, estou certo, o Teu poder me abençoou, 
apenas para ser meu Guia 
por entre pântanos e marés, e rochas e torrentes, 
enquanto dura a noite. 
E com a manhã sorrir-me-ão aqueles rostos 
que sempre amei e que um dia perdi.

Guia, terna Luz, no meio destas trevas, 
guia-me mais longe.


Cardeal John Henry Newman

Escrito por José Luís. Publicado em Oração e Compromisso da Semana

domingo, 21 de outubro de 2012

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



"O Filho do homem
não veio para ser servido,
mas para SERVIR e dar a sua vida pela redenção de todos”.


domingo, 14 de outubro de 2012

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Ano da Fé



Fé, Esperança e Caridade são as três virtudes teologais. O nome deriva do facto de terem o fundamento em Deus, de se referirem imediatamente a Deus e de serem, para nós, o caminho pelo qual atingimos Deus directamente (ver Youcat, 305). Bento XVI já lhes dedicou duas encíclicas: “Deus caritas est” (Deus é amor), em 2005, e “Spes salvi” (Salvos na esperança), em 2007. Agora, proclamou um Ano da Fé que, começando a 11 de Outubro de 2012 (dia do cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II), se prolonga até 24 de Novembro de 2013, festa de Cristo Rei. O acontecimento inicial deste Ano é o Sínodo dos Bispos (de 7 a 28 de Outubro de 2012) com o tema “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
O Sínodo foi estabelecido depois do Concílio Vaticano II como uma assembleia de representantes dos Bispos católicos do mundo inteiro, com a função de aconselhar o Papa em relação ao governo da Igreja universal. Nas palavras de João Paulo II, o Sínodo é “uma expressão particularmente frutuosa e um instrumento da colegialidade episcopal”. Tratando-se de uma instituição de caracter permanente, só reúne e actua, no entanto, quando o Papa considera oportuno consultar o episcopado por este meio.
Bento XVI tem frequentemente mostrado grande preocupação pela secularização da nossa civilização, muito particularmente nos países de longa tradição cristã. A nova evangelização não aponta para um novo Evangelho. Será nova na busca de modalidades de expressão adequadas aos tempos actuais; será nova porque dirigida de preferência aos países que receberam, há séculos, o anúncio do Evangelho; será nova, sobretudo, se resultar de uma renovada abertura interior dos cristãos à acção do Espírito na Igreja. Num contexto social em que a convicção religiosa tende a ser relegada para a esfera do privado, o esforço da nova evangelização deve começar pela coragem dos crentes em não esconder a sua FÉ.
P. Manuel Vaz Pato, sj





domingo, 7 de outubro de 2012

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



[1ª leit. Gn 2, 18-24; 2ª leit. Hb 2, 9-11; Ev. Mc 10, 2-16]

Temos, nesta passagem do Ev. de Marcos mais um encontro de Jesus com os fariseus. Convém começar por conhecer o contexto jurídico e religioso em que se desenrola a controvérsia. No tempo de Jesus, havia duas correntes de pensamento quanto à aprovação social do divórcio. Para uma destas escolas, a mais moderada, o divórcio só era admitido em caso de imoralidade da mulher. A escola mais permissiva dava ao marido o direito de repudiar a mulher na base de qualquer pretexto. Ambas as correntes se referiam a numa determinação do livro do Deut. (24, 1-3) e ambas supunham que só o homem tinha direito a passar um certificado de divórcio. Jesus impõe, com autoridade, o projecto primitivo de Deus, como aparece no libro do Génesis: “no princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher; por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e os dois serão uma só carne. Deste modo já não serão dois, mas uma só carne”. É de notar que esta expressão “uma só carne” significa, na linguagem bíblica, “um só ser humano”, como que uma só pessoa.
Jesus usa a Sua autoridade de Novo Legislador (contrapondo-se, de certo modo, ao próprio Moisés) para repor a primitiva intenção do Criador: “no princípio” não foi assim. Com isto, Jesus sublinha vários aspectos que se encontram interligados já na descrição poética do Génesis (1ª leitura) : -1º A dignidade do ser humano que aparece, no topo da criação, como imagem do próprio Deus; - 2º A igualdade de natureza entre homem e mulher, que implica igualdade de direitos e de deveres; mas também, - em 3º lugar, a diferença entre ambos, de modo a poderem complementar-se, para constituir “uma só carne”.
Posteriormente, S. Paulo eleva ainda mais a consideração da dignidade do matrimónio ao comparar o casal cristão à relação entre Jesus e a Igreja (Ef 5, 21 ss)[1]. O Papa Bento XVI recorre a esta imagem na sua encíclica “Deus caritas est” (Deus é amor), lembrando que “o modo de Deus amar se torna medida do amor humano”, de tal forma que o casal cristão é chamado a espelhar o amor, a caritas de Deus.



[1] Algumas das expressões literárias destes textos deixam-nos um certo incómodo, lidos superficialmente à luz da mentalidade do nosso tempo. Não podemos esquecer que são escritos em contextos de sociedades patriarcais, e, por isso, só poderiam usar as imagens e referências condizentes. O extraordinário é abrirem, apesar disso, para novos horizontes de compreensão.

P. Manuel Vaz Pato sj