domingo, 29 de março de 2015

DOMINGO DE RAMOS: A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM E A MEDITAÇÃO DA PAIXÃO


ENTRADA JUBILOSA DE JESUS EM JERUSALÉM: Na entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, eu, como tantos outros, misturado na multidão dos simples peregrinos que tendo ouvido falar da ressurreição de Lázaro e da chegada de Jesus, vou ao seu encontro e acompanho-O, contemplando-O, sentado num jumentinho, filho duma jumenta que os discípulos aparelharam com os seus mantos. Medito e canto com os peregrinos, a profecia de Zacarias, “Exulta de alegria, filha de Sião. Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém. Eis que o teu rei vem a ti, montado num jumentinho, filho duma jumenta” (Zacarias 9, 1-10). O Senhor entra na sua cidade de Jerusalém, montado num animal que nada tem a ver com uma montada real. Entra montado num animal de carga e não em animal de combate e o jumentinho nem sequer lhe pertence, porque o deve restituir. E não é o jumentinho de carga, a imagem d’Aquele que transporta, que vai à Paixão, carregando, também ele, os meus pecados, os nossos pecados para nos salvar? Medito, meditemos para tirarmos proveito!.. Misturo-me também eu com esta multidão de gentes que estendem os seus vestidos e ornamentam com palmas o percurso do Rei de Israel, que eles aclamam, com grande escândalo de todos os fariseus de então e os de hoje. Aclamo-O, Ele que vem tomar posse dum Reino que não é deste mundo, mas que não é menos concreta e geograficamente incorporado, neste mundo (Jo.11,14 ss). E se abrimos Mateus, como é seu hábito, ele diz-nos que Jesus procede assim para cumprir a Escritura. E Isaías diz que o rei entra em Jerusalém, não para governar, mas para servir. Contudo, neste triunfo, a multidão que o aclama está ofuscada, longe de compreender a significação plena: ela aclama um libertador político, mas ela deverá pôr a sua fé em Cristo crucificado. Não se trata de aclamar um rei que subjuga a vida e a amarra para servir o poder, mas um rei que dá a vida e não sacrifica vidas como fazem os reis deste mundo. Doravante, todo o homem viverá dele, da sua carne e do seu sangue entregue nas mãos dos homens. O Deus Todo-Poderoso utiliza o seu poder para se fazer fraqueza. E eu aceito o desafio: escolher entre a vida e a morte, o melhor ou o pior (Deuteronómio 30, 15-19)? Caminho e bato palmas com o entusiasmo dos discípulos, mas tenho de deixar de pensar que o triunfo do Filho de Deus é um triunfo, através do poder, do ter e do aparecer (a tentação do Deserto) mas sim o triunfo do serviço a Deus e aos homens. À frente do cortejo gritam as crianças, neste dia da juventude, atrás e um pouco à distância, aqueles que não comungam ainda a minha fé, os piedosos pagãos, os tímidos, mas que se aproximam de Jesus e Jesus vê neles as primícias da próxima glorificação. A sua morte, como o grão lançado à terra, produzirá o seu fruto, dirá Jesus aos Gregos que, no Domingo passado o quiseram ver: “Quando for levantado da terra atrairei a Mim todos os homens” sem excluir ninguém nem a um desses mais pequenino. A própria natureza geme, com a aproximação da sua “Hora”, e a alegria das flores de Páscoa e os ovos de Páscoa, já são sinal da terra fecunda. A “Hora” de Jesus diz-nos que não estaremos nunca sós. Na Cruz, resplandece a fé a esperança e a caridade. A porque, Jesus, apesar do seu abandono, aparente, se confia ao Pai: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito”. A esperança, porque uma vida nova se espera além da morte. O amor (a caridade), porque não há maior amor do que dar a vida. A HORA de Jesus culmina na Ressurreição. “Quando for levantado da terra atrairei a Mim todos os homens”. Porque Deus não pode permanecer na morte, se abrem para todos nós, as portas da vida. Quantas vezes, a fé cristã foi acusada de colocar em primeiro plano o culto do sofrimento e até da própria morte. Mas pelo contrário. Nós, Cristãos, se o somos de verdade, proclamamos ao mundo inteiro, com a nossa vida e com alegria serena que nos deve inundar, que o sofrimento e a morte são condenados, no fim de contas, a produzir a vida.” A mulher, quando está para dar à luz sofre, mas depois alegra-se com a vinda dum filho”. É o nascimento da alegria que nos visita.

A nossa vida cristã é também uma entrada na Nova Jerusalém, uma penetração no universo chamado a tornar-se uma aprazível Cidade de Deus, um Novo Céu e uma Nova Terra, uma Noiva adornada para o seu esposo, uma Morada de Deus entre os homens (Apoc.21,1ss). É na luta do amor sobre o ódio, no triunfo da caridade reconciliadora difundida nas nossas veias e no nosso mais íntimo, alimentado pelo sangue de Cristo na Eucaristia, que podemos comunicar vida aos outros, tendo a certeza de que essa vida superabunda e não morre. Os hossanas da multidão que aclama sejam também os meus hossanas, nos dias bons e nos menos bons! Na Cruz, portanto, é pregado o ódio e resplandece o amor. É o que faz Cristo, dando a vida àqueles que lha queriam tirar. Ordenando a Pedro para meter a espada na bainha, Jesus ensina-nos que resistir à violência pela violência, não faz mais que desencadear a violência (Helder Câmera, na “Espiral da Violência).

MEDITAÇÃO DA PAIXÃO: NA INTIMIDADE DA PAIXÃO COM MATEUS, MARCOS, LUCAS E JOÂO:
Abramos, durante esta Semana, um dos quatro evangelhos e meditemos, pausadamente, fazendo chegar as palavras duma das narrações da Paixão à mente e ao coração. Este ano podemos dar precedência à Paixão segundo S. Marcos, porque estamos no Ano B. Na Sexta Feira Santa, é o dia da Paixão descrita por S. João. Pessoalmente, cada um pode escolher a narração que lhe diz mais, no momento actual em que se encontre na vida. Entremos na intimidade da Paixão:
- Com MATEUS, meditámos a Paixão de Jesus Cristo como a Paixão do “Servo Sofredor”, do justo perseguido, aprendemos nessa meditação, que o plano de Deus sobre o homem se realiza por intermédio do “Servo sofredor” e não pelo Rei da glória. É dando a vida e não reinando que se constrói a nova humanidade!

- Com MARCOS, meditámos a Paixão de Jesus Cristo como a revelação da dignidade messiânica. Nesta narração evangélica, sentimos a solidão de Jesus na Paixão. Todos o abandonaram!.. “Ferirei o Pastor e as ovelhas dispersaram-se”. “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste”!.. Mas o Messias crucificado e morto, é verdadeiramente o Filho de Deus! “Este homem é verdadeiramente o Filho de Deus” confessa o Centurião Romano. Com a morte de Jesus, voltou a reunir-se o que estava disperso.

- Com LUCAS, meditámos a Paixão de Jesus Cristo como a revelação do grande amor do Pai por seu Filho e por todos os homens, mesmo os inimigos. A Paixão, segundo Lucas, é um milagre contínuo de misericórdia, de perdão e de reconciliação!

- Com JOÃO, meditámos a Paixão de Jesus Cristo como marcha triunfal de Jesus para o seu Pai. Chegou a “hora” da entrega aos homens, da manifestação de glória, do dom da vida e do amor, do dom do Espírito Santo. Aprendemos, nesta meditação, que Jesus é o verdadeiro cordeiro de Deus imolado para salvação do mundo! A morte do Homem-Deus não é um fim, mas ao contrário, é a presença do Senhor, através do seu Espírito no mundo e na Igreja!
Sob Pôncio Pilatos, Jesus dá exemplo daquilo que recomendou aos discípulos quando fossem levados, por sua causa, à presença de Reis e de Governadores. Pilatos admira-se que Ele não se preocupe com a sua defesa e não se justifique das acusações que lhe fazem (Mt.27,12; Mac.15,4; Luc. 23,4). “Nesta hora” solene em que, pela primeira vez, enfrenta o mundo pagão, o mundo que não é judeu, mais que nunca, o Espírito Santo dirá a Jesus o que deve dizer para fazer “obra evangélica”(Mt.10,18-20; Luc.12,11). Peço a Jesus, na sua hora, na hora da sua entrega aos homens que me ensine, uma vez por todas, a fazer também eu, do meu ministério, do meu estado de vida religiosa ou meu estado de casado ou de solteiro, uma obra evangélica, onde transpareçam os critérios de Deus.
P. José Augusto Alves de Sousa



domingo, 22 de março de 2015

Confissões quaresmais


Esta semana...


V Domingo da Quaresma

“Se o grão de trigo, lançado à terra, morrer,
dará muito fruto”


«Senhor, nós queríamos ver Jesus». Jo 12, 21

A esta pergunta, quem quer que seja, daria uma resposta adequada, mas a petição dos Gregos está unida ao desejo da mediação dos discípulos para conhecerem pessoalmente Jesus.
Vieram a Jerusalém, não só para O verem, mas entenderem o Seu íntimo, conhecer a Sua identidade e perceber se Ele pode ou não dar um impulso às suas vidas. Podíamos dizer que é a petição do conhecimento interno do Senhor Jesus, a petição que o exercitante faz nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio.
E qual a resposta de Jesus”? Jesus responde, dizendo que a sua hora chegou, isto é, que o tempo das palavras e dos sinais chegou ao fim e que agora se aproxima a hora do sinal maior: a sua Paixão e Morte para a salvação do Mundo: “a Hora de passar deste mundo para o Pai”. Jesus, na sua Hora, explica aos Gregos em que consiste a verdadeira glória: cair por terra e morrer como grão de trigo para dar muito fruto. É a hora de Jesus. Só através da sua morte é que o Pai poderá revelar ao mundo o seu imenso amor pelos homens. E foi para isto que “Ele veio ao mundo, que esteve no mundo e que, agora, vai, de novo para o Pai”.
Elevado sobre a cruz, colocado em evidência para todos os homens, o Evangelista João quer dizer-nos que esta elevação coloca Jesus acima de toda a criatura. Em João 17 1- 4, meditamos que a glória de Deus vem pela hora da glorificação do Filho e pela glorificação do Filho nos vem a vida eterna: Perseguido e humilhado pelos do seu próprio povo, Jesus, na sua hora, tem um sentimento de humana consolação ao ver-se glorificado pelos de fora do seu povo: quer Judeus, quer Gregos, quer

escravos, quer homens livres, quer por todos nós, (S. Paulo).
O SERVIÇO: Jesus diz: “Quando Eu for levantado da terra atrairei a mim todos os homens”, mas esta atracção não passa pelo triunfo humano, mas pelo serviço. Os gregos e todos nós queremos ver Jesus, mas quem quer servir o Mestra que o siga no exemplo de serviço a que Ele alude por três vezes: “Quem quer seguir-me que me sirva”. “Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem, mas se Eu vos lavei os pés também vós os deveis lavar uns aos outros”… “Onde eu estou aí estará também o meu servidor”. Mais uma vez somos chamados para servir. O que compartilharmos com Ele na vida, o compartilharemos na glória. A quem me serve, o Pai o recompensará. Ao fim do nosso dia, ou ao fim do nosso último dia, o que conta não são os nossos triunfos, mas sim, o nosso humilde serviço vivido no dia-a-dia. Nesta sua hora, a alma de Jesus se sente perturbada. Será o medo à morte? (Mt.14,26). E que se pode dizer? O mesmo que Jesus. Pai livra-me desta hora. Mas não. É por isto, para salvação de todos os homens Jesus chegou à sua “Hora”. Na Hora de Jesus, não há mais judeu nem grego, como diz Paulo, mas homens e mulheres para salvar.
P. José Augusto Alves de Sousa, sj



domingo, 8 de março de 2015

III Domingo da Quaresma

“DESTRUÍ ESTE TEMPLO E EM TRÊS DIAS O LEVANTAREI ” 



O Templo de Jerusalém era a morada de Deus…
É certo que os judeus sabiam que não se pode encerrar Deus dentro de quatro muros. Deus sai fora das paredes do Templo! E a cólera de Jesus é a manifestação disso.
Em Jesus temos acesso ao Pai, Ele enche-nos com a sua Presença e, ao segui-l’O, tornamo-nos a Presença de Deus junto dos nossos irmãos. Estamos verdadeiramente conscientes disso?
O evangelho apresenta-nos hoje, a imagem do templo a ser purificado por Jesus. Com este gesto profético, Jesus está a revelar-Se como Messias e desafia-nos já, à contemplação do mistério da Sua paixão, morte e ressurreição.
Ao transformar a casa de Deus num mercado, os líderes judaicos tinham suprimido a presença de Deus…
Qual é hoje o verdadeiro culto que Deus espera? Certamente não são os ritos solenes e pomposos, mas vazios. Este gesto de Jesus, diz respeito a nossa relação com Deus, onde está, necessariamente envolvida a nossa relação com os outros. O culto que Deus aprecia é uma vida vivida na escuta das Suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.

Incomoda-te: É o convite para esta semana!

Por vezes não basta esforçarmo-nos por fazer aquilo que achamos certo ou é socialmente aceite. É preciso ir mais longe! É preciso, derrubar a  indiferença que tantas vezes nos leva a esquecer os outros.
Na sua mensagem para este Quaresma, também o Papa Francisco insiste fortemente neste ponto, apontando a “globalização da indiferença” como um dos principais problemas da nossa sociedade e relembrando-nos que, como cristãos, temos obrigação de combater esta tendência, através de uma comunhão (ainda) mais estreita com o nosso Deus e com os irmãos, especialmente os mais frágeis e os que mais sofrem. Por isso mesmo, expulsemos de nós os sentimentos que nos levam a acreditar que a vida se resume ao nosso conforto e aos nossos pequenos prazeres e dêmos antes lugar à responsabilidade e ao sentimento de missão.

Oração:
Senhor, nestes dias, ajuda-me a libertar o egoísmo que por vezes atordoa o meu pensamento, abre-me os olhos para ver todos aqueles que precisam e eu não vejo, para os que se consomem na dor e eu não escuto.
Permite-me que Te irradie a todos aqueles, que não te vêem e não te aceitam. Ajuda-me a ter forças neste mundo que se pinta de cinzento na hora de te anunciar. Que eu nunca tenha medo e vergonha de assumir a minha fé em Ti.
Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.


Esta semana…

Domingo, 8  a partir das 17:30h - Tempo de oração

quarta, 11  à 15:30h  - Oração guiada

quinta, 12   às 21:30h - Oração guiada

sexta, 13  às 15:00h  - Via Sacra

domingo, 15   a partir das 17:30h - Tempo de oração


domingo, 1 de março de 2015

II Domingo da Quaresma

como é bom estarmos aqui” 

Celebramos o II Domingo da Quaresma. Somos convidados transfigurarmo-nos com Jesus deixando que a sua misericórdia e amor por nós nos purifique e nos encha o coração.