segunda-feira, 28 de abril de 2014

Tempo Pascal

Mestre _ onde moras? Vinde e vereis (Jo. 1,38)
Jesus chama-te para fazeres a Páscoa com Ele. Chama-te para fazeres a passagem, para fazeres a viagem, para morares com Ele na viagem, nesta viagem da tua vida em direcção a Deus Pai para que não te limites a uma mera passagem por locais e gentes, mas sim a transformares-te primeiro para que possas transformar e concriar o mundo com Deus. Tal será possível desde que aceites que Jesus e o Pai venham a fazer morada em ti.
Repara que a Eucaristia não é possível sem o teu, nosso, trabalho. Sim, esta Eucaristia que voltámos a celebrar nesta Quinta-feira Santa não é possível sem o nosso trabalho e trabalho em equipa. Repara, para o Baptismo é necessária água, a substância mais comum à superfície da Terra, mas para a comunhão de /com Cristo é necessário pão e vinho que não existem espontaneamente na Natureza. Esta é uma mensagem maravilhosa para nós. O Pai quer precisar de nós, quer contar connosco, com o agricultor, com o armazenista, com o vinhateiro e, já agora, com um enólogo, para que o vinho seja bom.
Como sabes, Deus não precisa de nós, mas quer contar connosco para que sejamos concriadores com Ele. Que convite extraordinário. A Páscoa não se limita a uma passagem de Deus pelas moradas do Egipto, como no Antigo Testamento, mas, com Jesus, tens um convite para que também tu faças a viagem da tua vida, acompanhado por Cristo, construindo um mundo melhor para o teu próximo.
Com Jesus, a Páscoa é uma passagem que pretende ressuscitar-nos para a vida eterna que se começa a construir hoje, agora, neste momento em que lês, em clima de oração, para que perguntes a Jesus «Onde moras?» e Ele te diga «Vem ver!».


    Paulo Lopes (CVX)

sábado, 26 de abril de 2014

O ofício de consolar


Em Tempo Pascal vem muito a propósito debruçarmo-nos sobre uma expressão muito própria dos Exercícios Espirituais, na 4ª semana do seu percurso, dedicada inteiramente aos mistérios da Ressurreição do Senhor. 

A graça que se pede nesta semana não é de fácil compreensão. Vejamos: “pedir graça para me alegrar e gozar intensamente de tanta glória e gozo de Cristo nosso Senhor”. (EE, 221) Se há sentimentos muito desejados, o da alegria é dos que ocupa os lugares mais altos da escala. Nascemos para ser felizes - dizemos e desejamos - e a graça coloca-nos num desafio ainda mais alto: uma alegria e gozo intensos. Não será desejar uma utopia? Critica-se muitas vezes o cristianismo que promete uma felicidade no além, enquanto aqui na terra vamos “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. A realidade limitada e pecadora que vivemos pessoalmente e vemos no mundo que nos rodeia martela-nos sem cessar, provocando esta dúvida: Alegria intensa, já aqui, onde? 
Dando o benefício da dúvida, já que a Ressurreição de Jesus é, por si mesma, um facto extraordinário, passemos ainda a uma consideração apresentada por Santo Inácio nesta 4ª semana: “reparar no ofício de consolar que Cristo nosso Senhor traz e compará-lo com o modo como os amigos se costumam consolar uns aos outros”. (EE, 224)  

A Ressurreição de Jesus dá-nos, pela fé, a certeza de que a morte, o sofrimento, o desespero não têm a última palavra. Não apenas quando falamos da experiência limite da nossa morte física, mas também das experiências quotidianas de morte: aos nossos desejos, às nossas relações, aos nossos projectos, ao nosso conforto, etc. É próprio da dimensão ressuscitada da vida não ficar parado à sombra das tristezas e desânimos, mas voltar à luz do sentido profundo das coisas e do bem amoroso que de tudo se pode tirar. Só nesta lógica se entende, por exemplo, a força do perdão e o compromisso com a justiça. Toda a aventura humana, por isso mesmo, é um contínuo realizar da ressurreição que, já acontecida, pede para ser levada a sério na vida de quem espera nesta fé. 

Esta atitude reflecte-se precisamente no “ofício de consolar”, próprio do Ressuscitado, que significa, na linguagem inaciana, levar ao aumento da fé, da esperança e do amor, assente numa experiência de paz e alegria nascidas da intimidade com Deus. [1] E este ofício de Jesus ressuscitado experimenta-se a partir do trato de amizade que os amigos têm quando se consolam uns aos outros. Não poderemos ver aqui a nossa missão como cristãos? O motivo e motor da existência não poderá ser este ministério da consolação? 
Pessoalmente, anima-me muito pensar na vida a partir deste horizonte, que tem um início cheio de vida e deseja trazer essa mesma vida ao mundo concreto em que estou. 

Desafio: O Cardeal Jorge Bergoglio, agora Papa Francisco, fez este apelo a uma nova forma de viver as relações: “Imitemos o nosso Deus, que nos precede e ama primeiro, realizando gestos de proximidade para os nossos irmãos que sofrem solidão, indigência, desemprego, exploração, falta de tecto, desprezo por serem migrantes, doença, isolamento entre os idosos. Dá o primeiro passo e leva, com a tua própria vida, o anúncio: Ele ressuscitou”. Não será isto mesmo a consolação que podemos realizar? 

[1] Chamo consolação, quando na alma se produz alguma moção interior, com a qual vem a alma a inflamar-se no amor de seu Criador e Senhor; e quando, consequentemente, nenhuma coisa criada sobre a face da terra pode amar em si mesma, a não ser no Criador de todas elas. E também, quando derrama lágrimas que a movem ao amor do seu Senhor, quer seja pela dor se seus pecados ou da Paixão de Cristo nosso Senhor, quer por outras coisas directamente ordenadas a seu serviço e louvor. Finalmente, chamo consolação todo o aumento de esperança, fé e caridade e toda a alegria interior que chama e atrai às coisas celestiais e à salvação de sua própria alma, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor. (EE, 316)

António Valério, sj 


segunda-feira, 21 de abril de 2014

Feliz Páscoa


Feliz Páscoa.
"Mensagem da Páscoa: tudo pode começar de novo. Pode surgir uma vida nova, basta olhar para a natureza. A primavera reproduz a Páscoa. As árvores que pareciam mortas, dão flor. Força extraordinária. Força da seiva. Não há nada morto, nada separado, nada ferido que não possa ser ressuscitado. A luz rompe a escuridão da noite. Não somos nós que fazemos, mas sim o Senhor que age em nós"  
(Vigília Pascal)


domingo, 20 de abril de 2014

Mensagem Pascal


Jesus Ressuscitou!
É este o canto de alegria que renovamos todos os anos na Páscoa! Nele ressoa, através dos tempos, o espanto e a alegria que as Santas Mulheres e os Apóstolos viveram no “primeiro dia da semana”.
Que a alegria pascal marcada pela ressurreição de Cristo a todos encha de Esperança e de Fé.

São os desejos do Pároco
P. Manuel Vaz Pato, sj

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A Última Ceia

Misteriosamente antecipando o Sacrifício que iria oferecer, dentro de algumas horas, Jesus põe fim a todas as «figuras», converte o pão e o vinho no Seu Corpo e Sangue, apresenta-Se como o verdadeiro cordeiro pascal – o «Cordeiro de Deus» (Jo. I, 29).


Jesus entrega-se na Eucaristia da forma mais simples e próxima que poderíamos imaginar: num pequeno pedaço de pão. A Sua forma de se expor, contrariamente àquilo que poderíamos pensar, é sempre na pequenez, na simplicidade, no silêncio. Assim foi o Seu nascimento, assim foi na Sua Vida ao fazer-se Servo.
Na Eucaristia Deus faz-se Pão e fica em silêncio diante de nós. E, assim, atrai o nosso olhar, convidando-nos ao agradecimento... 

domingo, 13 de abril de 2014

‘Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro’.

Giotto

«‘Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro’.» (Mt 21, 5)
   
As portas de Jerusalém abrem-se para Jesus. Há ramos e cantos. A multidão, como sempre, segue a marcha e faz a festa. Finalmente – pensarão muitos –, o Mestre será reconhecido e aclamado por todos. Chegou a hora decisiva, o momento do grande encontro. É tempo de paixão.
Na realidade, ainda que rodeado por tantos, Jesus entra só. Nem os discípulos estão com ele.  Mas quem poderia estar com ele? É duro de aceitar que, para ganhar a vida, se há-de perdê-la. Como comungar os sentimentos de quem assume a condição mais baixa de servo, pretendendo revelar, assim, toda a beleza de Deus? Como reconhecer o Messias em quem aceita humilhar-se até à vergonha da morte numa cruz? Não foi, Jesus, profeta poderoso em palavras e obras? Como poderá, então, aceitar calar-se como uma ovelha muda, levada ao matadouro?
Em breve, todos os hossanas cessarão. A aclamação dará lugar à queixa e as palmas à indiferença. O verde dos ramos ficará rubro, cor de sangue. O Rei será revestido de nudez. Terá espinhos por coroa e feridas por jóias. Na cruz terá a sua glória. Será exaltado pela humilhação.
Quem reconhecerá no servo desprezado o mais belo dos homens? Quem ficará aqui, assim, em tamanha confusão, em tão grande silêncio? Ficarão os pobres e os apaixonados que se deixarem enriquecer por tão grande amor. E ficará o discípulo que aceitar nascer de novo. Reconhecido, ficará pronto a ir até aonde for o seu Mestre.
Que esta Quaresma nos conduza a Jerusalém. A cidade santa espera que os nossos passos sigam firmes na senda d’Aquele que já fez o mesmo caminho.
Arrisquemos nesse seguimento. Mesmo que a luz teime em esmorecer dentro de nós. Mesmo que nos impeçam de caminhar atrás do Mestre. A cidade santa espera por nós.
Não queiramos voltar as costas à cruz que a cidade nos entrega. Sigamos atrás desse desejo de vida que nenhuma dor será capaz de enterrar.

P. José Frazão, sj (adaptação)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Informações úteis


Lembramos mais uma vez, que no dia 12 haverá catequese a começar às 16:00h, com confissões e Celebração de Ramos e Eucaristia às 18:00h.

Dia 8, terça-feira às 21:00h temos aqui nesta Igreja celebração com confissões. É uma oportunidade privilegiada de reconciliação para a Páscoa.

Sexta-feira dia 11 às 16:00, haverá Celebração da Santa Unção e às 21:00h teremos a VI Conferência sobre o Concílio Vaticano II orientada pelo P. José Augusto Sousa.



domingo, 6 de abril de 2014

IV Domingo da Quaresma

Giotto

«Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: “Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pu­sestes?». Responderam-Lhe: “Vem ver, Senhor”. E Jesus chorou». (Jo. 11, 1- 45 extratos)

 Chora, porque eram amigos. E reza: “Pai, dou-te graças. Sempre me ouves”. Por fim, aproximando-se do sepulcro, brada: “Lázaro, sai para fora”.
É fortíssimo o grito de Jesus. Ainda podemos ouvir o seu eco. De pé, diante de uma existência sem futuro, de um corpo já em decomposição, Jesus chama, de novo, à vida: “sai para fora”. ‘Deixa o sepulcro onde te encontras, as trevas que te cobrem; larga a morte que te ata, o medo que te paralisa; levanta-te e anda. Vem à luz. Vai. Vive. 
Da morte à vida, esta é a grande passagem. Desde que nascemos. Para todos. Para cada um. Do medo à confiança. Da separação ao encontro. Da insensibilidade à atenção. Da frieza à ternura. Do ressentimento ao perdão. Da fraqueza do pecado à fortaleza da graça. Estranhamente, querendo a vida, ligamo-nos ao que nos traz a morte. Querendo o bem, fazemo-nos mal
Fazendo caminho connosco, Jesus faz-Se passagem, Ele, nossa Páscoa. Livremente, adianta-se e segue à frente. Dará tudo para que vivamos. Dará a própria vida. E, assim, vencerá todas as nossas mortes, enxugará todas as nossas lágrimas. Aceitará descer, ele próprio, a todos os sepulcros para que, quem está morto, reaprenda a viver e viva para sempre.  
Que esta Quaresma nos ensine o caminho de Jerusalém. E deixemo-nos morrer. A terra que somos será nova quando o milagre da vida irromper.

P. José Frazão, sj (adaptação)



sábado, 5 de abril de 2014